quinta-feira, 13 de dezembro de 2018

Tibúrcio Craveiro, o primeiro byroniano no Brasil

Cronologicamente, o primeiro byroniano a surgir no Brasil foi Tibúrcio Craveiro, que através de sua tradução de Lara, tornou-se um grande disseminador do bardo inglês em nosso país.

Texto de Bira Câmara




Português de nascimento, poeta, teatrólogo, professor e historiador, nasceu em Angra do Heroísmo, nos Açores, a 4 de Maio de 1800. Nesta cidade frequentou as aulas de Teologia Moral, e revelou-se um aluno estudioso e aplicado. Terminados os estudos conseguiu emprego como professor régio da instrução primária em Angra.

Produziu uma obra que abrange temáticas de história, teoria da literatura e poesia. Aderiu à corrente da Arcádia Lusitana e também se dedicou à tradução de obras de autores franceses e ingleses. Ficou conhecido pela morbidez da sua poesia e pelo seu gosto pelo horror e pela magia negra.

Por causa da sua adesão ao liberalismo, após a Abrilada de 1824 teve de exilar-se em Londres, onde morou durante dois anos. Em 1826 emigrou para o Brasil, fixando-se na cidade do Rio de Janeiro, onde encontrou emprego como professor de Retórica do Imperial Colégio de Pedro II. Permaneceu no Rio até 1842, foi um fundadores e bibliotecário do Real Gabinete Português de Leitura e sócio do Instituto Histórico e Geográfico do Brasil. Envolveu-se ativamente na vida literária e política da cidade, publicando durante este período a maior parte da sua obra.

Considerado um árcade tardio, publicou uma versão lusófona das obras Mérope de Voltaire (1826), Mitridates de Racine (1828) e Lara de Byron (1837) — a primeira tradução do bardo no Brasil. Também produziu alguns textos que foram publicados na imprensa brasileira e no periódico lisboeta O Panorama (1837-1868).

Maníaco e epilético, idolatrava Byron e chegou ao exagero na imitação das excentricidades de seu ídolo. Em sua casa cercou-se de tudo o que se possa imaginar de macabro: caveiras, múmias e até o mármore negro do túmulo de um carrasco. Sua biblioteca era repleta de livros sobre enforcamentos e suicídios, e as paredes decoradas com esguichos de sangue…

Até no ódio à humanidade chegou a imitar seu mestre. Teria arruinado a vida de um jovem casal que se amava, envenenando criminosamente o espírito do marido até que este, enlouquecido de ciúmes, matou a mulher e suicidou-se em seguida.

Em 1842 deixou o Brasil e durante algum tempo viveu em Lisboa, onde tornou-se membro do Conservatório Real. Dois anos depois voltou aos Açores.

Morreu em 23 de Maio de 1844 a bordo de um navio, aparentemente vítima de suicídio, em condições que nunca ficaram esclarecidas. O seu cadáver foi desembarcado nas Velas, São Jorge, onde foi sepultado.

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